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quarta-feira, 9 de março de 2011

O pesadelo da noite: Crônica de um coração destruído


“Passei o dia com medo deste momento. Tentei adiá-lo mais que pude. Saída, computador, televisão. Apelei para a bebida ‘quem sabe não me ajuda a relaxar e pego logo no sono?’ pensei. Não teve jeito. 

Meu medo se materializou diante dos meus olhos e a noite chegou.

Meia noite, eu ainda estou bem, posso até sorrir ainda. Duas da manha, comendo em frente a Tv. Quatro horas, já estou tendo overdose de Discovery Channel. Pela janela vejo o céu ficando cinza. Falta tão pouco para amanhecer e estou com tanto sono. Talvez se eu apenas deitar um pouco… Mas em momentos como este, quando se está com um coração destruído, a posição horizontal parece ser o gatilho para abrir as comportas das lágrimas. E assim se fez.

Certa vez, lembro de ter ouvido um cientista explicar que a noite nosso cérebro libera alguma substância que faz com que nossa cabeça trabalhe em uma ‘frequência diferente’. Isso explica o porquê de termos as idéias mais absurdas neste horário. E deve-se aplicar também as nossa crises – emocionais, existenciais, sexuais e todas as outras – que sempre deixam para acontecer assim, na calada da noite.

‘Quando a dor não cabe mais no coração, escorre pelos olhos’. Não sei quem foi que disse isso, mas o desgraçado estava certo e provavelmente pensou nisso numa noite de dor de cotovelo. Filosofia ordinária.

Enquanto eu pensava no meu sofrimento, olhando para o teto aos prantos, o cinza do céu ficava mais claro. Ouvindo Gardel, Por uma Cabeza – piegas como toda dor de amor – ao lado da cama, bolinhas de lenços de papel se acumulavam ao lado de uma carteira de cigarros que poucas horas antes esteve cheia.

Noites como esta ninguém deveria estar só, nenhum coração partido. Eu deveria estar dormindo com um leve sorriso na face, com a cabeça deitada sobre o peito de quem outrora, me era motivos de alegria e não de lágrimas. Finalmente o corpo cede e eu pego no sono.

Acordo pela manhã, o sol entrando pela janela. Sinto-me melhor. Aliás, tudo fica melhor à luz do dia. A noite é o sonho dos amantes e o pesadelo dos ‘desamados’.

Da noite anterior, só me sobraram os olhos inchados e a convicção que esta não foi a primeira vez, tão pouco a última, que enfrento o terror da solidão de uma noite para quem esta com um coração destruído.”

Quem nunca passou por uma situação dessas que atire o primeiro mouse!

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